Cartas amenizam o isolamento de pacientes do Hospital Espanhol

29 de setembro de 2020

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Em plena era digital, o romantismo das cartas volta à ativa, para os pacientes do Hospital Espanhol.

No desafio de confortar os pacientes em tratamento da COVID-19, em isolamento, as equipes de enfermagem e psicologia criaram uma nova forma de comunicação com os familiares: cartas! “Para aqueles que moram em Salvador, o Hospital pede às famílias que tragam as cartas manuscritas, de preferência. Para que o paciente possa receber algo e veja que foi escrito de punho para ele, por alguém que o ama” – explica Claudiana Pereira, Coordenadora das Enfermarias.

Para os pacientes que vêm do interior, as cartas chegam por e-mail e são impressas e enfeitadas, para serem distribuídas aos destinatários.  Há os que não sabem ler. Infelizmente, um número maior que o desejado e esperado, mas há. Estes, recebem as cartas do mesmo jeito e são lidas para eles, pela equipe da psicologia.  De uma forma ou de outra, elas chegam. São lidas e emocionam.  Saber que se é lembrado e que tem gente torcendo pela cura e aguardando sua alta, é mais uma razão para se manter o paciente motivado.

Lidando com a saudade

A psicóloga Jaqueline Amorim explica, a cada entrega das cartas, que a equipe de assistência está ali, tentando representar as famílias que não podem fazer contato presencial. “A gente se esforça para dar o carinho de perto, que está faltando do ente querido.” E como a música impera, no ambiente hospitalar do Espanhol, o momento de leitura das cartas é acompanhado da musicoterapia e acontece ao som do violão.  As videochamadas que já fazem parte da rotina de contato com o mundo externo, tem acontecido, também, durante a leitura das cartas. “É uma forma da família também participar da surpresa que gera diferentes emoções”, comenta Jaqueline.

Eliane Rodrigues dos Santos, 55 anos, internada no dia 11 de setembro, na enfermaria, não conseguiu externar a sua emoção. Instrospectiva e passando o isolamento à sua maneira, mesmo com a carta e a presença virtual da filha na videochamada, preocupada, só acertou a dizer: “Cadê teu pai?…” Já Amadeu de Jesus Silva, 53 anos, chegou ao Hospital no último dia 18 e também foi para a enfermaria. Se emocionou, chorou e agradeceu: “Eu fiquei tão agradecido, com tanto elogio que recebi, que não tenho palavras. Não esperava ter tantos amigos neste hospital e receber o cuidado que estão tendo comigo. Muito obrigado!”