Quando o ano que vai ficar para sempre na história da humanidade chega ao fim e, infelizmente, a pandemia Covid-19, ainda não, o Hospital Espanhol tem motivos para agradecer e celebrar pelas 1.500 vidas salvas, em oito meses de árduo trabalho.
A alta 1500 aconteceu, no dia 21 de dezembro. Véspera do dia em que o Hospital comemorou a sua reabertura, passando a funcionar como o maior Centro de Tratamento Covid-19 da Bahia. Também neste dia 21, o Hospital recebeu 60 respiradores doados pelo Ministério da Saúde. O Secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, estava na Unidade para a entrega dos equipamentos e para acompanhar a alta de Ahyanna Guimarães do Carmo que foi recheada de emoção, música e gratidão dos presentes.
Ao sair do elevador, ainda na cadeira de rodas, ela foi surpreendida pela presença de um tio e uma prima, colaboradores, a Diretora Geral do Hospital, Thayse Barreto, e o Secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas, que a parabenizou pela vitória, cumprimentando-a com uma batida de mãos fechadas, como manda o protocolo de prevenção da contaminação Covid-19.
“Você está aqui representando a nossa alta de número 1.500. Representando a cura de 1.500 pacientes que venceram a luta contra o coronavírus.” Assim, Dra Thayse Barreto dirigiu-se carinhosamente à paciente Ahyanna Guimarães do Carmo, 24 anos, auxiliar administrativa, residente no município baiano de Andaraí que fica a cerca de 400 km de Salvador.
Covid que separa mães e filhos
Ahyanna é mãe de Sumaya, uma bebê de apenas dois meses, que precisou ficar sob os cuidados de familiares e ter a sua amamentação interrompida por conta da Covid. A doença que vem causando sofrimentos coletivos. E não apenas dos pacientes acometidos.
No dia 11 de dezembro, Ahyanna deu entrada no Hospital Espanhol, indo direto para a UTI, onde permaneceu por oito dias. Com a evolução positiva do seu quadro clínico foi transferida para a enfermaria e ficou por mais dois dias. Até que recebeu a sua alta, comemorada por toda a equipe do Hospital, pela conquista de 1,5 mil curas, desde o dia 25/04/20, quando aconteceu a primeira alta da Unidade.
Sanjaya Mayan é enfermeira referência das enfermarias do Hospital Espanhol. Está na linha de frente, desde a reabertura do Hospital e teve a imensa satisfação de acompanhar a primeira alta e a alta 1500. “Sinto-me honrada em estar presente nas duas altas tão representativas para o Hospital Espanhol, bem como para a comunidade baiana. A alta número um e a 1500 representam o esforço e empenho de toda uma equipe, durante oito meses, mostrando a competência no combate da Covid-19.”
Psicologia e Musicoterapia para a cura
A utilização da musicoterapia no Hospital Espanhol tem sido um processo de sucesso para os pacientes e colaboradores. “A contribuição da música no contexto clínico de tratamento é reconhecida e comprovada como terapêutica alternativa. No caso dos pacientes Covid que enfrentam o isolamento familiar, os resultados têm nos surpreendido positivamente, aqui no Hospital Espanhol. Ahyanna Carmo é um exemplo deste resultado” – afirmou Marcos Barbosa, musicoterapeuta do HE.
Ahyanna sofre de aicmofobia, também conhecida como aiquimofobia ou belenefobia que é a fobia de agulhas, injeções ou perfurações corporais e atinge em torno de 10% da população mundial. É um medo irracional e excessivo, como toda fobia. E isto estava comprometendo os procedimentos clínicos necessários para Ahyanna, durante o seu internamento. Num trabalho em conjunto das áreas de psicologia e musicoterapia, a fobia foi vencida, não comprometendo o tratamento da paciente.
“Hoje eu estou saindo deste Hospital Espanhol uma outra pessoa, uma outra mulher. Agradeço a Deus e a toda a equipe. Cada cuidado que cada um de vocês teve comigo, estava representando a minha família. Isto é muito bom. Eu só tenho a agradecer” – disse Ahyanna, na recepção do Hospital Espanhol, no momento da sua alta, vitoriosa por algumas curas.