A pandemia deixou tudo meio nublado. Mas o calendário colorido de prevenção à saúde continua ativo, mês a mês, lembrando de nos cuidar e de ajudarmos o outro a se cuidar. O mês está cor-de-rosa, com foco na prevenção do câncer de mama. E os reflexos positivos do Setembro Amarelo, dedicado à saúde mental e prevenção do suicídio, ainda brilham nas enfermarias, UTIs e corredores do Hospital Espanhol.
Este ano, com a diminuição acentuada da taxa e ocupação, o cuidado Amarelo ficou mais focado no colaborador. E as ações, organizadas pelo Núcleo de Educação Permanente com o apoio do Serviço de Psicologia, foram bem terapêuticas com rodas de conversas, troca de cartas motivacionais entre os setores e visitas às áreas de trabalho. As rodas, aconteceram no Salão Nobre, onde valiam desabafos e trocas, sob a regra que “o que saia na roda, da roda não sai”. Uma forma de botar para fora e compartilhar o cansaço mental e individual de cada um, neste último ano e meio tenso e intenso de trabalho. As visitas aos setores ocorreram, num trabalho integrado à musicoterapia – ponto forte de terapia do Hospital Espanhol. E à entrega de saquinhos com doces, cartas de incentivo e o panfleto “Abrace a Vida” contendo o poema “Recomeço” de Bráulio Bessa e o telefone de contato do Atendimento Psicológico, disponível para ajuda técnica.
Foram ações positivas plantadas para a saúde mental do colaborador, no mês de setembro, mas que ainda refletem de forma ativa. E que podem e devem ser repetidas ao longo do ano.
“Este é um momento de muitas dificuldades. Nunca foi tão essencial abraçar a vida. Todos nós, soldados da saúde, temos enfrentado dificuldades pessoais e no trabalho. A gente visitar os colegas, nos seus setores, levando um pouco de carinho e amor, é fundamental!” – comentou a enfermeira Gilvânia Silveira, responsável pelo Núcleo de Educação Permanente. À medida que ela ia distribuindo os folders, ia alertando: “Neste folder que estamos entregando, tem o telefone de apoio psicológico ao colaborador, disponibilizado pelo INTS. Quem sentir necessidade de ajuda, mas não se sentir à vontade de ligar direto, procure um colega, procure o nosso Serviço de Psicologia. Mas não se sinta só! Não fique só. Porque não estamos sós.”
Corredores de escutas solidárias
As visitas itinerantes, algumas vezes, se transformaram em corredores de conversas improvisadas. A música relaxa, descontrai e faz muita gente se soltar. Foi o que aconteceu com Ilza Anjos de Jesus, Enfermeira Referência da UTI 3, durante a visita. Abençoada no nome, na profissão e na maternidade. Mãe de Angelina, de 9 anos, e Liz, de 7 anos, que durante a pandemia ficaram um ano longe e têm sentido muito a falta da mãe, externando a saudade. Saudade em dobro que parte o coração de Ilza ao meio. “’Cadê você? Cadê a sua alegria, mãe?… A gente quer você de volta!’ Ouvir isso de uma filha, é muito difícil. Elas já estão de volta à nossa casa, mas eu ainda tenho medo de abraçá-las…” – comenta e lamenta a heroína Ilza de Jesus.
“É extremamente importante que nós, profissionais da saúde, tenhamos consciência de que o cuidado com a nossa saúde mental é essencial para que cuidemos bem dos nossos pacientes. E para isso, precisamos nos cuidar, cuidar do colega e entender que buscar ajuda do psicólogo, do psiquiatra… quando necessário, não há problema algum. Pode ser a solução.” – alerta a médica Dione Tonheiro que também participou de uma roda de conversa espontânea, no corredor da UTI 3.
Fica a dica, de Dra Dione! Para ser praticada no Setembro Amarelo, no Outubro Rosa, no Dezembro Vermelho… e durante o ano todo, cuidando da vida, colorindo os dias cinzentos.