O farmacêutico Antônio Marcos Duglin, da UBS Jardim Novo Pantanal – INTS, foi indicado pela Coordenadoria de Saúde Sul como o melhor trabalho da região Sul para participação no 36º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo. O projeto de Antônio, intitulado “Orientação no uso seguro e racional de medicamento a pessoa com deficiência visual”, se destacou pela sua abordagem inovadora em auxiliar pacientes analfabetos e com deficiência visual na identificação correta de medicamentos.
Antônio, que é pós-graduado em Saúde da Família e atua no SUS há bastante tempo, percebeu que muitos pacientes tinham vergonha de pedir ajuda para tomar seus medicamentos, mas de fato não eram alfabetizados. Isso resultava na administração incorreta dos medicamentos receitados para tratamentos diversos. Com isso, o farmacêutico começou sua jornada de melhoria em um processo já existente na assistência farmacêutica do SUS, que consistia em uma “caixinha organizadora” com ilustrações que facilitam a identificação de horários.
Antônio observou que pacientes identificam medicamentos através dos blister (embalagens), porém o blister muda de acordo com o fabricante, muitas vezes a embalagem é a mesma, as cores são as mesmas, mas o medicamento é diferente e os pacientes analfabetos se confundem e por fim tomam a medicação errada em horário errado. Para solucionar esse problema, ele desenvolveu uma planilha onde ilustrou as colunas para melhor identificação dos horários e inseriu etiquetas coloridas, sendo uma cor por medicamento. As cores das etiquetas identificavam os medicamentos e a folha com as ilustrações definiam os horários. Problema resolvido! Mesmo que os blister mudassem o paciente continuaria tomando a medicação correta no horário indicado.
O processo foi alinhado com toda a equipe, incluindo equipe médica e outros profissionais, adicionando uma cópia desta folha de papel ao receituário dos pacientes com dificuldade de leitura, possibilitando o monitoramento e levantamento de todos(as) que necessitam dessa assistência, que até o momento são em média 50 pessoas. “Fui recebido pela farmacêutica Gisele, que já tinha muito carinho e proximidade com os pacientes. E eu só dei continuidade tentando melhorar os processos”, afirmou o farmacêutico, ao lembrar de sua chegada à unidade.
A mesma iniciativa serviu tanto para analfabetos quanto pacientes estrangeiros com dificuldades em ler o português, mas que conhecem as cores. No entanto, Antonio se deparou com uma paciente que adquiriu deficiência visual durante a pandemia e não tinha possibilidade de aprender o sistema de escrita tátil (braille). A partir disso, teve uma nova ideia e adquiriu adesivos em relevo chamados de meia pérola, material de baixo custo normalmente usados para decorações em geral, para possibilitar que a paciente identificasse as medicações através do tato.
Os medicamentos passaram a ser identificados por quantidade de adesivo meia pérola, as colunas com as fases do dia ilustradas ganharam linhas de divisões em relevo com papel tipo EVA para melhor percepção.